terça-feira, 10 de julho de 2007

Capítulo 7 Um estranho dentro de mim

Capítulo 7

Na manhã seguinte, acordei cedo e fui preparar o café, coloquei uma toalha branca na mesa como de costume, capuccino, brioches, pão de queijo, suco de maracujá, salada de frutas, barras de cereal, enfim, como todos os dias eu fazia. Depois de tomar café, fui passar as fotos da câmera para o computador, realmente ficaram lindas, tinha uma que o Daniel estava abraçado comigo no castelo de Versalles, de rostinho coladinho com o meu, ficou tão linda que mandei fazer um pôster para presenteá-lo, também imprimi para colocar no porta-retrato e transformei em papel de parede do meu micro.
Lá pelas 9:00h o Daniel chegou, como o porteiro já o conhecia permitia que ele subisse sem problemas, fui atender a porta e como sempre ele trouxe algo para me agradar, uma caixa de bombons de chocolate com licor.
-Bom dia, amor!
-Bom dia!
-Trouxe isso aqui pra você... E isso também...
-O que é isso?
-Um CD.
-Jura?... Que é um CD eu sei, quero saber o que tem nesse CD.
-Coloca lá no DVD que você vai ver...
Coloquei a caixa de bombom sobre a mesa e fui ver o que tinha no CD que ele me trouxe, a capa do CD era nossa foto e de fundo a Torre Eiffel, muito linda a montagem. Liguei o DVD e sentei no sofá, ele deitou no meu colo, começou a tocar uma música e um céu foi se abrindo na frente da TV, de fundo veio surgindo nossa foto, depois a foto se desfazia e vinha um poema que ele fez pra mim, só de ouvir a música comecei a me emocionar, depois foram passando varias fotos nossas da viagem, correndo pelas ruas, provando chapeis nas bancas da rua, em frente à torre Eiffel, tudo era lindo, as dedicatórias que ele fez nas fotos ficaram perfeitas, o slide terminava com uma foto onde nos beijávamos e de fundo o por do sol decorava o cenário de amor.
-Gostou?
-Amei! Só você mesmo...
-Agora vamos lá fazer uns exercícios, afasta essa mesinha daqui e deite aí no tapete.
-Sim...
-Agora eu vou segurar seus pés, você vai cruzar os braços de forma que suas mãos fiquem no seu ombro...
-Assim?
-Perfeito. Agora você vai subir e descer 30 vezes sem parar...
-Ok.
Começamos com a Abdominal, Daniel segurava meus pés enquanto eu me exercitava, de frente pra mim ele acompanhava a série de exercícios, a cada vez que eu subia dava um selinho nele, desse jeito eu iria querer fazer exercícios com ele todos os dias, quando completei as séries, ele segurou minha cabeça, trouxe pra junto da dele e ficamos ali na sala nos beijando por uns 5 minutos, até ele me deitar no tapete, olhar dentro dos meus olhos e deitar seu corpo coberto de músculos por cima do meu, me prendendo no tapete da sala de maneira que só sairia dali quando ele deixasse. Eu ainda estava de pijama, ele estava de bermuda e regata branca, pelo que senti, ele parecia estar sem cueca, com uma bermuda vermelha estilo surfista, suas pegadas fortes exploravam meu corpo como um terreno desconhecido, ele levou sua mão por baixo da minha camiseta e ia acariciando parte por parte do meu corpo, minha pele ficava arrepiada quando sentia sua mão com calos alisar minha pele lisa, com o roçar do seu corpo no meu ele ia tirando sua bermuda, que depois de desabotoada saiu facilmente, confirmando a minha suspeita de que ele estaria sem cueca. Com os dentes ele foi arrancando meu short, me deixando totalmente nu, sua respiração já estava ofegante, se misturando com a minha que seguia em ritmos desordenados, o suor que corria pelos nossos corpos era uma mistura de tesão e desejo, com uma pitada de prazer, aquelas coxas grossas com pelos serrados se esfregavam na minha, com os dois corpos totalmente nus ele me pegou no colo e me levou para o quarto, com o pé Daniel fechou a porta que estava aberta e me colocou na cama, o vento soprava pela janela, confundindo com sua respiração. As mordidas na orelha que ele me dava me faziam viajar, gemidos de prazer, arranhões, lambidas na orelha, chupadas no pescoço, no mamilo, muito tesão, sussurrando no meu ouvido varias vezes "Te amo"...
Passamos a manhã inteira no quarto, nos curtindo, nos amando, adormecemos agarradinhos, pele com pele, no lençol ficou a mistura do nosso perfume com nosso suor, foi lindo, gostoso, acho que agora eu sei o que significa "Fazer amor". Acordei quase 13:00h, levantei delicadamente para não acordá-lo e fui tomar banho, encostei a porta do banheiro e deixei a do box aberta, de olhos fechados eu deixava a água cair sobre meu rosto, não demorou muito e o Daniel entrou no banheiro.
-Banho... E nem me chamou...
-Você estava dormindo tão gostoso...
-Gostoso é estar com você, sentir você, beijar você, tocar você, tomar banho com você...
Ele ia falando e chegando mais perto de mim, entrou no box e fechou a porta, me prendeu na parede me deixando indefeso, sobre seu poder, tomando posse do meu corpo e do meu coração:
-Está querendo fugir de mim?
-Imagine... To gostando muito de você, te amo cada dia mais...
-Eu também te amo.
-Tenho medo que esse sonho acabe...
-Mas não vai acabar, confie em mim.
O que eu sentia pelo Bruno era diferente do que o que eu sentia pelo Daniel, agora eu consigo perceber que o que eu sentia pelo Bruno não era amor, era apenas uma paixão, uma ilusão, sendo meu primeiro namorado, primeira paixão, acabei me iludindo, mas não me arrependo, foi importante para meu amadurecimento e crescimento como pessoa.

Meses se passaram, eu e Daniel já íamos comemorar 6 meses de namoro, como passou rápido, a cada dia que passava mais eu o amava, parecia um sonho, nos entendíamos em todos os sentidos, nunca havíamos brigado, às vezes eu me perguntava se merecia tanto, meu único medo era que aquela história de amor por algum motivo um dia viesse acabar. Conheci o Daniel em uma ocasião muito louca, não sei se é obra do destino, não acreditava nessas coisas, só sei que aquele jeitinho dele me olhar fazia meu coração disparar, aquele olhar de cachorro abandonado, sorriso perfeito, lábios carnudos e safados, com seus 187 cm de altura preenchia minha cama e minha vida, tapando os buracos deixados pelo passado.
No dia em que estávamos comemorando o aniversário de 6 meses de namoro havíamos marcado de jantar fora, o Daniel ficou encarregado de escolher o lugar, como ele sempre teve muito bom gosto para esse tipo de ocasiões, preferi deixar por conta dele. Durante o dia eu fui ao shopping comprar um presente e roupa nova para jantar com meu "petit" (Era assim que ele me chamava). Comprei calça, camisa, sapato, cinto, tudo novo, e de presente eu comprei um pingente de ouro branco com brilhante, era um Ideograma Japonês que significava "Amor".
Antes de o Daniel chegar, ele estava em seu quarto se preparando para passar em casa quando sua mãe entrou no quarto furiosa:
-Daniel...
-Fala, mãe...
-Quem é Bader de que você tanto fala?
-Meu amigo, por quê?
-Amigo que beija na boca?
-Do que a senhora está falando?
-Estou falando dessa foto...
Ela jogou uma foto em que estávamos abraçados no Louvre, na nossa viagem à França, atrás havia uma dedicatória minha pra ele.
-O que há de errado com essa foto?
-Eu não acredito, deixa de ser falso, eu não quero ter um filho bicha.
-Olha como à senhora fala comigo.
-Então olhe você as companhias com quem anda saindo.
-Não fale assim do Bader, eu sei muito bem com quem eu saio.
Ela sentou na beira da cama e começou a chorar, com a mão no rosto ela lamentava:
-Por que isso tinha que acontecer comigo?
-Mas eu continuo sendo o mesmo Daniel de sempre...
-Só falta você me dizer agora que quer meus brincos emprestados...
-Já chega, mãe. O fato de estar amando um homem não me faz menos homem do que qualquer outro. Não tenho intenção de usar colares, pulseiras, por silicone e nem cortar meu pinto...
-Me respeite, Daniel.
-Me respeite a senhora que chega invadindo meu quarto dessa maneira como se tivesse algum poder sobre minha vida, eu estou feliz com meu corpo, continuo sendo o mesmo Daniel de antes, só que amando um outro homem.
-Você acha fácil pra uma mãe abrir uma pasta no computador e encontrar um monte de fotos do único filho dela beijando outro homem? E depois encontrar uma foto com uma dedicatória de amor?
-Mãe...
-Meu sonho era ser avó, quem vai herdar os patrimônios que seu pai deixou?
-Eu vou herdar.
-Quem vai dar continuidade ao nome da família?
-Chega mãe, deixe de ser egoísta. O tempo todo você só pensou em você...
-Mas Daniel...
-E eu? Meu coração? Meus sentimentos? Eu A-M-O o Bader, minha vida sem ele já não tem mais sentido...
-O que a sociedade vai dizer...
-Foda-se o que a sociedade vai dizer, eles não tem o que dizer, enquanto tivermos dinheiro para freqüentar os mesmos lugares que eles, seremos tratados como "gente deles". Não tenho motivos pra esconder de ninguém os meus sentimentos.
-Mas meu filho, é pecado...
-O que é pecado? Quem disse que é pecado?
-O padre disse na missa que...
-Ah... O padre... A igreja... A mesma igreja que no século retrasado dizia que negros não eram filhos de Deus? A mesma igreja que pede dinheiro na missa? Que matava as pessoas na Santa Inquisição?
-Bader...
-Onde que Deus diz que é pecado amar? Se homossexualidade não fosse coisa de Deus, ninguém nasceria estéril, já que a filosofia da igreja é que o sexo só serve para procriar. Mãe, eu quero que a senhora entenda uma coisa: Assim como a senhora ama sua mãe eu amo o Bader, e por a senhora amar sua mãe não é considerada homossexual, só porque ela é sua mãe, mas tem o mesmo sexo.
-O que isso tem haver?
-Nada... Não tem nada haver, só quis dar o exemplo de que você não pede para amar uma especifica pessoa ou sexo, isso é um preconceito social, alguém disse que isso era certo e outro alguém obedeceu.
-Pelo menos eu vou poder conhecer esse seu...
-Namorado. Vou conversar com ele, o Bader é um cara legal e vai gostar de conhecer a sogra dele, assim como eu adorei conhecer a minha.
-Você já conhece a mãe dele?
-Não só a mãe, mas também o pai, irmão e a cunhada, fui até convidado para ser um dos padrinhos do casamento do irmão mais velho dele.
-Eles sabem que vocês dois tem um caso?
-Não sou homem de casos, eles sabem que nós namoramos sim, e dão o maior apoio. Agora estou de saída, tchau.
Claro que não é fácil para uma mãe saber que o filho é gay, apesar do mundo estar moderno, ainda existem pessoas conservadoras, preconceituosas, racistas, pessoas que vão passar o resto da vida com a mesma filosofia, mente fechada para as mudanças que o mundo sofre. Daniel pegou a foto da mão de sua mãe, colocou em um quadro ao lado de sua cama, deu um beijo na testa dela e saiu.

Um comentário:

Anônimo disse...

termine o livro por favor estou mais q curioso